Perfeitamente Verde

Perfeitamente Verde

Uma das primeiras lições que aprendemos quando começamos a cozinhar é que devemos experimentar tudo o que preparamos e, por causa disso, acabamos descobrindo sabores desconhecidos que nos trazem boas (e algumas vezes más) surpresas. Um exemplo é o ingrediente verde, que sempre foi interpretado como algo que ainda não está pronto para o consumo mas que muitas vezes tem um sabor mais adequado à sua preparação do que um ingrediente maduro.

Tudo é uma questão de não criar expectativas. Se ao olhar um morango você espera um fruto vermelho e docinho, sim, você vai ter que esperar que ele amadureça. O que você não sabe é que um morango pode ser crispy, ácido, verdinho e igualmente gostoso.  É o que o chef René Redzepi chama de “perfectly unripped” (perfeitamente verde).

Para causar um bom impacto no público e, de quebra, evitar o desperdício, restaurantes começaram a pensar em soluções criativas para o uso dos ingredientes que não chegavam tão bonitos (ou verdes) à cozinha. A verdade é que na cozinha do futuro a sustentabilidade estará em primeiro lugar, não por conceito mas por necessidade. Como temos que lidar com as mudanças de estações e com a variação de frutas e verduras maduras durante todo o ano, precisamos aprender a gostar das diferentes fases de maturação daquilo que a natureza nos oferece.

É preciso dar valor à natureza, entendendo sua pluralidade e, ao mesmo tempo, buscando conhecer a singularidade de seus indivíduos. Cada fruta, verdura, folha e legume amadurece no seu próprio tempo, tem sabor e aparência específicos e deve ser respeitado. É essa uma das ideologias do Soul Kitchen de que mais nos orgulhamos: a valorização dos ingredientes. Aqui, não queremos o gosto do desmatamento na nossa comida nem sabores químicos ou artificiais, queremos o que há de mais fresco, seja perfeitamente maduro ou mesmo perfeitamente verde.

Perfeitamente Verde

Tempo, o melhor ingrediente

Tempo, o melhor ingrediente

Decomposição. Esta não é uma palavra que associamos à boa comida, entretanto algumas das maiores delícias culinárias do mundo não existiriam sem esse processo. Mas como falar pra uma pessoa que ela está comendo um alimento decomposto? Simples: substituindo essa palavra por outra que não soe tão mal!

 

Você já ouviu falar em fermentação? A fermentação nada mais é do que um processo de apodrecimento enzimático controlado, ou seja, controla-se o crescimento dos microrganismos de forma que eles sejam capazes de modificar a textura, o sabor e o aroma do alimento, além das propriedades nutricionais, sem estragá-lo.

 

Apesar do estranhamento, alimentos em decomposição já fazem parte da nossa de alimentação há muito tempo e podem nos trazer muitos benefícios. Conheça algumas vantagens do processo de fermentação:

 

– As boas bactérias presentes no alimento fermentado ajudam o nosso sistema imunológico a se fortalecer e combater as más bactérias

– As comidas fermentadas balanceiam o seu sistema digestivo e torna mais rápida a absorção de nutrientes nos alimentos

– Comidas fermentadas ajudam nosso corpo a quebrar moléculas de toxinas e eliminá-las mais rapidamente

– Alguns alimentos fermentados possuem microrganismos probióticos, associados a uma melhoria da nossa capacidade de digestão

E a melhor de todas:

– Comidas fermentadas aumentam o tempo de vida dos ingredientes, nos fazem desperdiçar menos e, consequentemente, economizar

 

Nem todos os alimentos fermentados trazem esses benefícios. Há casos onde fungos e bactérias são usados apenas para criar um novo alimento, como é o caso da cerveja, dos queijos e do pão.

 

Aqui no Soul Kitchen estamos sempre buscando surpreender o paladar das pessoas e nessa tarefa, a fermentação é nossa grande aliada. Que tal fazer o mesmo na sua casa? Fruto da panificação artesanal, sem adição de produtos químicos, o pão que usa o levain (espécie de levedura viva que substitui o fermento químico) tem uma casquinha mais grossa, crocante e riquíssimo em fibras.

Food art 1

Food art

Reality shows, food trucks, revistas de gastronomia, vídeos rápidos de deixar qualquer um babando. O amor pela comida e pelo ato de cozinhar chegaram pra ficar e ainda estão em crescimento no Brasil e no mundo. Agora todo mundo quer servir pratos que, além de gostosos, sejam lindos (o problema é quando focam tanto na beleza que se esquecem do resto).

No entanto, há algo mais profundo sobre o ato de empratar e sobre a poesia de alimentar-se de uma obra de arte. Quando Duchamp expôs o seu famigerado mictório defendendo que o uso de objetos cotidianos em suas obras era, sim, arte, ele teve o seu trabalho rejeitado e só posteriormente foi reconhecido. Como a obra do francês, a Food Art é um pouco controversa e revela um pouco do conceito de ready made, que refere sua produção primariamente à ideia e trabalha com a criação a partir de elementos que fazem parte do nosso cotidiano.

A gente acha que uma bela apresentação pode fazer qualquer um se interessar pelo seu prato, mas é apenas ao experimentar que as pessoas irão verdadeiramente se apaixonar ou não. Uma reflexão que sempre levamos com a gente é: a arte feita com comida não é comida porque é arte ou não é arte porque é comida? A gente não tem essa resposta, mas queríamos dividir com vocês alguns trabalhos que achamos bacanas. Dá vontade de comer ou só de olhar?

 

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Food art 4

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Food art 5

Doce Mel de Uruçu 4

Doce Mel de Uruçu

Te deixaria confuso se eu te dissesse que o mel de uruçu citado na música “Morena Tropicana” de Alceu Valença, na verdade, não é mel? A abelha uruçu, assim como 90% das abelhas brasileiras, produz uma substância como o mel, mas que não é considerada como tal pela legislação vigente do Brasil.

Vamos explicar isso um pouco melhor: mel, pela lei brasileira, é uma substância produzida por abelhas a partir do néctar recolhido de flores e que tem, no máximo, 20% de umidade. A única abelha que produz esse mel naturalmente é a Apis Melífera de origem europeia ou africana.

Em 1950, o geneticista Warwick Estevam Kerr trouxe da África alguns espécimes de Apis Melifera para estudo. Foi só uma questão de tempo até que Murphy agisse e, em um acidente digno de ficção científica de Hollywood, as abelhas escaparam e os pesquisadores perderam o controle sobre elas. Kerr foi responsabilizado pelo acidente e a partir daí dedicou-se a estudar a genética dessas abelhas, criando então a “abelha africanizada”. Nos anos 1970, essa espécie – muito agressiva – proliferou-se pelo Brasil e por vários países vizinhos, dominando quase 90% do mel comercializado na América Latina.

Além do aumento da quantidade de abelhas africanizadas, outro fato curioso tem acontecido ao redor do mundo: as abelhas têm abandonado suas larvas e funções na colmeia, desestabilizando o ecossistema. O “vírus”, que danifica o código genético dos insetos, resulta na diminuição drástica do número de abelhas: de 2006 pra cá, só no Brasil, esse número diminuiu 30%.

O grande problema disso é que o eventual fim das abelhas não nos deixaria apenas sem mel: cerca de 80% do nosso alimento depende do trabalho delas como polinizadoras, ou seja, parte considerável do reino vegetal simplesmente morreria por não conseguir mais se reproduzir.

É por esse motivo que temos uma sugestão: tenha uma colmeia em casa. Diferente das abelhas africanizadas, as abelhas originais brasileiras são muito dóceis (e uma prova disso é que a maioria delas não tem ferrão), o que as torna muito fáceis de criar. O mele – essa é a denominação do mel brasileiro – tem na sua composição de 30 a 38% de umidade, o que faz com que ele sofra fermentação e varie de sabor. Você será recompensado com um mel delicioso e fresco todos os dias.  

 

Séries e documentários sobre culinária

Séries e documentários sobre culinária

Se estivéssemos algumas décadas atrás, recomendaríamos, em meio a uma longa prosa na praça, alguns livros para te inspirar a cozinhar. Como estamos em pleno século 21, vamos de listinha de filme mesmo – afinal apesar de amarmos livros de receitas, esses documentários valem algumas coleções de Larousse Gourmet.Fizemos uma lista com duas séries fundamentais (tipo lista de livros do vestibular) e cinco documentários inovadores com temas bem diversos pra você pirar na cozinha.

Séries e documentários sobre culinária 51. Chef’s Table
O “must see” das séries culinárias! Cada episódio traz um chef de um lugar do mundo, sempre com histórias incríveis e inusitadas. Com uma linda direção de fotografia e roteiro muito bem construído, Chef’s table é, sem dúvida, uma das mais inspiradoras séries de culinária lançadas nos últimos tempos.
Séries e documentários sobre culinária 62. Cooked
Só alguém que conhece a cozinha a fundo e pensa no alimento de maneira holística dividiria os episódios de uma série pelos quatro elementos: fogo, água, terra e ar. O jornalista americano Michel Pollan nos faz dar alguns passos adentro da Era Gourmet (também conhecida como hoje em dia, rs) para a verdade por trás da cozinha. Por que cozinhamos da maneira que o fazemos? Qual o impacto disso em nossas vidas? Qual o impacto disso no planeta Terra? Saiba todas essas respostas assistindo a melhor visão da cadeia alimentar dividida em 4 episódios.
Séries e documentários sobre culinária 13. Steak Revolution
Em um universo de “butchers”, um açougueiro francês deu uma volta ao mundo criando uma lista com as 10 melhores carnes. Esse documentário mostra muito mais do que como fazer um churrasco perfeito, você vai se surpreender descobrindo mais sobre a história da carne e como a raça, a maneira de criação, de preparo e até mesmo o mercado influem na genética das vacas. Se você é um bom carnívoro tem que assistir Steak Revolution!
Séries e documentários sobre culinária 44. City of Gold
Em meio a glamourização dos chefs de cozinha e de críticos renomados, o jornalista Jonathan Gold resolveu mostrar que nem só de estrelas Michelin se faz uma boa comida. Vencedor do Pulitzer de jornalismo, Jonathan é conhecido por sempre escolher restaurantes pequenos e étnicos para escrever suas críticas. Nesse filme, o americano explora as comidas de rua de Los Angeles e mostra suas críticas culinárias ajudaram a mudar a vida de muitos cozinheiros.
Séries e documentários sobre culinária 25. Ingredients
O número de obesos e diabéticos aumenta todos os anos, os custos dos alimentos estão subindo vertiginosamente, a agricultura familiar está em declínio e o ambiente agrícola, em perigo. Em um cenário de crise alimentar, Ingredients nos ensina que não podemos fingir que a natureza é uma máquina nem exigir que ela nos dê mais do que é capaz. Se você estiver disposto, esse filme vai mudar sua maneira de levar a vida.
Séries e documentários sobre culinária 36. For Grace
Este documentário passou despercebido no radar de muitos foodies. Uma pena, pois talvez essa seja a melhor representação das batalhas enfrentadas para se tornar um grande chef de cozinha. O filme conta a trajetória do chef Curtis Duffy, desde o início de sua carreira até atingir grande sucesso no restaurante Grace, em Chicago.
Séries e documentários sobre culinária7. The Mind of a Chef 
Basta dizer que a série é narrada por ninguém menos que Anthony Bourdain, renomado chef e escritor americano. Essencial para quem gosta de comida, The Mind Of a Chef tem muitas surpresas e revelações, explorando os processos criativos de famosos chefs internacionais para descobrir suas fontes de inspiração.
PANC 5

PANC

Você já ouviu falar nas PANCs? O termo é abreviação para Plantas Alimentícias Não Convencionais, facilmente encontradas na natureza, riquíssimas em nutrientes e – pausa dramática – orgânicas! Sabe aquele matinho que cresce espontaneamente no seu quintal e você acha que é erva daninha? E a bananeira? Sabia que dá pra comer além da fruta madura?

 

Existem mais de 300 mil tipos de plantas comestíveis mas consumimos apenas 0,06% disso. Isso mesmo, menos de 1%! E sabe o porquê? Dinheiro, sempre ele. O crescimento do agronegócio, a destruição de biomas e os sucessivos processos de seleção artificial (tudo isso visando o lucro) fizeram com que o número de plantas que usamos na nossa alimentação diminuísse drasticamente. Como resultado desse estilo de vida imposto, passamos a ter menos fontes naturais de nutrientes e começamos a precisar de suplementos artificiais.
Em 2010 o Ministério da Agricultura lançou uma compilação com 23 espécies de vegetais que têm partes comestíveis (raízes, rizomas, frutos, folhas e flores). O “Manual de Hortaliças não-convencionais” está disponível para download aqui. Se quiser saber ainda mais sobre as PANCs, o livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais no Brasil” foi lançado em 2014 e apresenta 351 espécies que foram fotografadas, identificadas e catalogadas. E sabe o melhor? O livro dá até dicas culinárias!

Carne de segunda, sabor de primeira 3

Carne de segunda, sabor de primeira

Por muito tempo, os cortes de segunda sumiram dos cardápios dos restaurantes mais sofisticados, mas com o aumento crescente do interesse pela gastronomia e a tão falada “gourmetização”, essas especiarias começaram a ser exploradas novamente. Cansados da falta de desafio que um filé mignon representa culinariamente, grandes chefs brasileiros voltaram a trabalhar com as carnes de segunda, descobrindo novos e excelentes sabores.
Para quem não sabe, além da maldosa expressão, o que difere os cortes “de primeira” e “de segunda” é principalmente a quantidade de gordura e nervo. As carnes de primeira são retiradas das partes menos usadas pelo boi e, por isso, são mais macias, menos gordurosas e têm menos nervos. Já as carnes de segunda, vêm de partes mais expostas, que o boi movimenta mais e, por essa razão, são mais duras.
Até o final do século XX a predominância do rebanho brasileiro era de sangue de bos taurus e gado zebuíno (iguais aos da novela do Rei do Gado, o branquinho da foto abaixo), mas com a evolução da tecnologia genética e melhoramento do rebanho brasileiro (introduzimos raças europeias, como o marrom da foto), hoje em dia consegue-se abater um gado mais jovem e com marmoreio (gordura intramuscular). Essa evolução significa que os cortes chamados tradicionalmente e “de segunda”, podem ser apreciados como carnes de primeira e, em muitos casos, com um sabor até melhor.
No continente europeu, onde essas carnes já são valorizadas há muito mais tempo, existe um ditado que diz: “não há carne de segunda, apenas cozinheiros de segunda”. Um dos passos para você ser um cozinheiro de primeira é saber que o problema da rigidez pode ser solucionado usando modo de preparo e métodos de cocção corretos. E, para sua sorte, é para isso que estamos aqui: vamos te ensinar a cozinhar pratos de primeira com qualquer tipo de carne!

Soul Burger do Carimbó Envenenado 1

Soul Burger do Carimbó Envenenado

Com muita energia boa para começar o ano, o primeiro Soul Burger de 2017 foi um sucesso. Diretamente do Pará, Silvan Galvão e sua banda trouxeram os ritmos tapajônicos para os palcos do Studio Dama. Quem comandou as pick-ups foi o DJ Caio Formiga, que fez a casa inteira – lotada – cantar e dançar ao som dos seus beats brasileiros.

Nessa edição do Soul Burger os vegetarianos não tiveram do que reclamar: haviam três opções de hambúrgueres, das quais duas eram sem carne. Os hambúrgueres veggie e de falafel foram as verdadeiras estrelas da noite mas os carnívoros, claro, também foram bem servidos com o tradicional burguer de costela angus. No bar, caju amigo, gin de cupuaçu e cachaça de jambu, além da sempre presente Goose Island.

O próximo Soul Burger ainda não tem data para acontecer, mas fique ligado e não perca!

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Réveillon Vai Tapajós 2017

Apelidada de “Caribe brasileiro” pelos visitantes mais íntimos, Alter do Chão é um vilarejo paradisíaco que fica às margens do Rio Tapajós – único afluente do Rio Amazonas com água cristalina. Para estreitar os laços com o norte do Brasil e reforçar a ligação especial que tem com a região, a galera do Soul Kitchen aportou mais uma vez na terrinha para fazer a festa. Ou melhor, as festas. Foram três dias de muita curtição, música de qualidade, gente bonita e comida boa.

Iniciando a contagem regressiva para a virada do ano, já no dia 27 de dezembro, começaram as comemorações com uma Sunset Party na Ilha do Amor. O transporte era feito através de gôndolas amazônicas onde os convidados já começavam a entrar no clima. Na festa, o cardápio desenvolvido pelo Soul Kitchen em parceria com o chef parceiro e amigo Saulo (do restaurante Casa do Saulo) fez o maior sucesso e sustentou todo mundo até altas horas da madrugada.

No dia 29, após uma hora e meia de festa no barco, na praia de Carapanari, todos foram convidados para conhecer o famoso restaurante Casa do Saulo, que além do cardápio excepcional oferece uma vista panorâmica do Rio Tapajós. Depois de se deliciar com pratos que combinaram temperos e ingredientes da região, mais dança: os DJs Formiga, Gustavo Caram, Kiki Costato e a banda Lumen Craft fizeram a pista ferver.

No último dia do ano, a festa aconteceu às margens do Lagoa Verde, lugar mágico cercado pelo Rio Tapajós e pela Floresta Amazônica. O show de fogos e o ritual de bênção amazônica ajudaram a dar as boas vindas a 2017 com muita energia positiva e certeza de que o ano será incrível.